quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O Último Capítulo (I Am the Pretty Thing That Lives in The House) - filme mais pretensioso que artístico

Produção original do Netflix que estreou no Brasil no último dia 28 de outubro, o filme O Último Capítulo (I Am the Pretty Thing That Lives in The House) é o segundo longa do diretor Oz Perkins, filho de Anthony Perkins, imortalizado como Norman Bates do filme Psicose. Ele chegou a interpretar o mesmo papel do pai em Psicose 2 (1983), quando fez o assassino em seus 12 anos de idade.

Perkins seguiu em sua carreira de ator até 2010, quando estreou também como roteirista do filme Removal. Em 2014, também assinou como roteirista a película Dinheiro Sujo Cold Comes The Night e no ano seguinte estreou como diretor em The Black Coat’s Daughter (February), cujo roteiro também é seu. Para evitar problemas de distribuição que afetaram seu longa de estreia, conseguiu fechar com a gigante do streaming a produção de sua segunda obra.

I Am the Pretty Thing That Lives in the House conta a história de uma enfermeira, Lily (Ruth Wilson, de The Affair), contratada para ser cuidadora de uma antes famosa escritora de contos de terror nos anos 1960, Iris Blum (Paula Prentiss), a única moradora de uma antiga casa. Logo ela vai perceber que existe algo errado no local, chegando ao ponto de questionar se um dos livros escritos por Blum não traria uma história real, em vez de uma ficção.

O clima onírico, a mistura entre fantasia e realidade e a narração entrecortada, ora de Lily, ora da escritora quando jovem, poderiam fazer deste um filme bem acima da média para uma história com fundo banal e comum a muitas películas de terror. Mas muito cedo a narrativa se perde. O roteiro confuso coloca diante do espectador cenas excessivamente longas, onde o diretor parece querer valorizar a fotografia esquecendo da história em si, com outras, significativas, curtas demais. Mas não é a quebra de ritmo o que caracteriza o filme. Em seu todo, ele é arrastado (não confundir com "lento", já que muitos filmes com em esse tom são magníficos) e entediante.



Em função do clima reproduzido pela fotografia e a forma com que constrói a história, muitos compararam a obra de Perkins com algo da filmografia de David Lynch. Parece uma comparação inadequada, até porque os filmes do diretor de Cidade dos Sonhos têm ritmo e contam com detalhes que são importantes para as suas histórias, construídas de forma minuciosa. Em O Último Capítulo, mesmo a atmosfera e as narrações pretensamente poéticas parecem mais fruto de afetação do que arte em si. Ao contrário das obras de Lynch em geral, não consegue envolver quem assiste.

Como ponto positivo vale destacar a atuação de Ruth Wilson, em uma interpretação que tem pouquíssimo diálogos e muitas cenas que exigem uma expressividade que não falta à atriz.

O Último Capítulo (2016)
Direção: Oz Perkins
Elenco: Ruth Wilson, Paula Prentiss, Lucy Boynton.      
Nacionalidade: EUA
Duração: 1h27
Cotação: 4/10

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