quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Comédia argentina Delirium traz Ricardo Darín rindo de si mesmo

Você já deve ter escutado, quando se fala em cinema argentino, de diversas piadas sobre a suposta onipresença do ator Ricardo Darín nos filmes do país. No ano passado, o Sensacionalista tocou no tema com a notícia fake "Argentinos pensam em lançar primeiro filme sem Ricardo Darín".

Obviamente, trata-se de um exagero. Mas é fato que boa parte das películas de sucesso dos hermanos tem como protagonista o ator de filmes como O Segredo de Seus Olhos e O Filho da Noiva. Tendo como base isso, mas não só, o diretor Carlos Kaimakamian Carrau fez em seu filme Delirium uma comédia interessante, com diversos subtextos que satirizam o próprio cinema (ou "novo" cinema) do país.

A trama se desenvolve a partir da relação de três amigos, Federico, que trabalha em um pequena loja de conveniências; Martín, que vive de pequenos golpes, e Mariano, que distribui panfletos na rua. Cansados da vida que levam, começam a pesquisar uma forma de ganhar dinheiro fácil, chegando à conclusão de que o mais fácil seria fazer um filme para se tornarem milionário. O ator para fazer com que a película alcançasse sucesso e gerasse renda não poderia ser outro: Darín.


ricardo darin protagonista do filme delirium
Darín, em cena de Delirium (Divulgação)

Esse é o ponto de partida da típica comédia de erros onde a trajetória caótica vai gerando situações cada vez mais absurdas, com pouco compromisso com a verossimilhança. Em meio à história, uma crítica à própria indústria do cinema, em especial o argentino, com piadas que muitas vezes têm mais relação com o cotidiano do país vizinho. Um exemplo é a sequência que se passa no Innca (Instituto Nacional del Nuevo Cine Argentino), onde o alvo é o mecanismo de financiamento de produção de filmes na Argentina. Talvez não seja exatamente um problema só portenho...

A "sociedade de espetáculo" também é satirizada e, de certa forma, protagonista da história, já que também conduz o enredo, contando com a participação de outras figuras célebres como a apresentadora Susana Giménez, no papel de presidenta argentina, e do ator Diego Torres, entre inúmeros outros.

Um filme original e divertido, mas que não vai fazer você dar gargalhadas, certamente. Até porque é uma comédia que usa do humor sombrio para rir de si mesma, aspecto destacado no papel de Darín, que faz de si um personagem que, em certa medida, corresponde aos esteriótipos vendidos a respeito dos astros do cinema. Vale a pena ver.



Delirium (2014)
Diretor: Carlos Kaimakamian Carrau
Elenco: Ricardo Darín, Miguel Dileme, Ramiro Archain e Emiliano Carrazzone
Nacionalidade: Argentina
Duração: 1h25
Cotação: 6/10
Disponível no Netflix.

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